Se um dia minhas mãos cessarem e se calarem.
Se um dia eu não sentir o mundo com a ponta dos meus dedos.
Se meus olhos fecharem, se ficarem presos no escuro.
Se minhas pernas não puderem caminhar para onde a liberdade me leva.
Se o interno obscuro se transcender e se mostrar nu.
E o externo parecer tão doente quanto aqui dentro está.
Pensarei que seguir em frente é ilusão.
O que me debilita é regresso.
Minhas dores e sufocos, meus gritos calados, meus gemidos sufocados;
Todos tão à vista que essa minha diferença antes tão só minha e agora tão compartilhada viraria indiferença em sociedade alienada.
Mas aos poucos lembraria, de tudo que sou, de tudo que acredito.
Lembraria da paixão, que move a vida inteira.
E lembraria que tudo é vida seja ela de qualquer maneira.
Pensaria na transformação, que minha profissão possibilita.
E tentaria eu, se T.O. de minha vida.
(Dayana Trifoni)